Pois saibam, vocês, que eu queria parar de querer. Queria parar de querer as fantasias do talvez e escrever sobre aquilo que eu tenho, aquilo que eu vivo e ser plenamente contente. Não consigo não querer, mesmo sendo querer não querer.
É complicado distribuir as palavras corretas com suas devidas concordâncias sobre uma idéia sem desejar aquilo que une nas frases, mais difícil ainda é não idealizar como seria sem querer. Não dá, eu quero. Sempre eu quero o de sempre.
Vou querer querer, inevitavelmente.
Quero um almoço em família, com família grande e conversas altas; quero ajudar o irmãozinho do meu futuro namorado com os desenhos da escola; quero andar em uma rua úmida fotografando os troncos das árvores; quero acordar em um domingo gelado de julho e saber que não preciso acordar agora. Mais que tudo, quero estar satisfeita e feliz, mas acho que não vou conseguir provar desse bem agora. Não posso parar com meus anseios dos 20 minutos do primeiro tempo, tenho muito tempo de jogo pela frente.
Então, por fim, um dia, aos 43 do segundo tempo vou parar, parar e olhar em volta e querer tem querido e fantasiar as certezas que eu tive e ser plenamente contente até com o descontente.
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